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12.28.2020

O que tenho feito para estar mais bonita, mais magra e mais feliz.

Boas festas e bom ano, gente com útero e gente que gostou de fazer lá perto uma festa. Também gente que poderá não ter feito a festa perto do útero, mas que esperou muito para ter um milagrão e agora, de vez em quando, até já revira os olhos quando o miúdo é chato. 

Aqui o blog anda meio adormecido (se compararmos com 2017), mas a Joana e eu já andamos aqui a magicar coisas para o reanimar e sem ser preciso um desfibrilhador ou que nós andemos à procura de posts onde eles não existem, exemplo: "20 maneiras de higienizar uma escova de dentes". Houve ali uma altura em que estávamos desesperaditas, esperemos que não volte a acontecer. Obrigada, mais uma vez, a todas as que nos acompanham por aqui, no Facebook e também no instagram


Já vos devo ter contado, ao fim destes anos todos, que não sou muito de resoluções de Ano Novo. Acho que todos os dias são uma oportunidade de tomar boas decisões, ainda assim reconheço que o final do ano tem um efeito um pouco de "agora é que é" na maioria das pessoas e quis aproveitar este timing para vos falar de algumas coisas que tenho feito e que estão a resultar para caraças. Mesmo, parece que quanto mais "velha", mais nova e bonita fico. Que bom, que bom, que bom!


34 anos and couting. Estar perto da Rita Camarneiro também me faz muito bem, confesso.


Vamos a isto: 


  • Tenho feito dois treinos por semana com o meu adorável José Maneta. Vejam aqui uma amostra do bicho que ele era enquanto competia. Não se assustem, entretanto já amainou - a noiva deve-lhe ter posto fora da linha para parecer mais palpável (até literalmente) - e já parece uma pessoa que respira. Porém, é uma prova do conhecimento, dedicação e foco que o bicho tem quando quer. Além disso, treinar com ele é sempre maravilhoso. Falamos imenso, divertimo-nos e, acima de tudo, o meu corpo tem estado a ficar extremamente bem moldado e não tipo mostrenga do fitness. Quem vê os meus stories repara que já ficamos bons amigos também. Grávidas e pós-parteiras, o rapaz continua sempre a formar-se, por isso aproveitem todas as skills dele e... estejam tranquilas que não há momentos awkward, prometo. Sigam-no aqui @JoseManeta_personaltrainer, também dá treinos no FitnessHut. Falem com eles. 

Gostava de saber o que é que ele andava a fazer assim vestido no que parece ser um skatepark, mas adianto-vos que é bastante normal. E de Arraiolos. Bom moço.


  • Tenho treinado Padel uma vez por semana e, normalmente, jogado mais uma. E, sobre isso, já vos contei neste post. Treino com a minha melhor amiga, o Miguel (meu namorado, para as mais desatentas) e o melhor amigo dele. Treino no W Padel Country Club com o treinador Francisco Dias. Sentimos que ele daria perfeitamente para o nosso grupo de amigos, mas os treinos são levados mesmo muito a sério. Ele treina-nos como se houvesse possibilidade de um dia virmos a ser mesmo excelentes. Acho isso engraçado e comovente ao mesmo tempo. Adoro os campos no W, são ao ar livre (cobertos e descobertos), no meio da floresta de Monsanto, sempre muito bem cuidados (humidade dos vidros, areias, etc) e não podíamos ter pedido melhor professor. Não só para nós, mas para a Irene que tanbém treina com ele. As aulas para crianças são tãaaao divertidas e evoluem super rápido. Podem segui-lo aqui no instagram @instagring0. Ah e quem tenha amigos, já deve ter reparado o quão é viciante jogar Padel. Perdemos imeeeeensas calorias e sem reparar no tempo que passou, além de estar com os meus amigos. A-DO-RO.


  • Tenho feito massagens com a minha massagista preferida do Mundo inteiro. Ela é discreta, não gosta de ser hiper mencionada, mas apaixonei-me por ela ainda na altura do pós-parto. Fui um pouco às cegas ao sítio onde ela trabalhava e... o toque dela e a presença dela fizeram-me chorar. Tudo bem que eu estava toda frita da cabeça, mas há realmente algo nela que se liga muito bem a mim e, digo-vos mais, a outras pessoas também. Quando sentimos que as pessoas encontraram um dos sítios onde está certo estarem, acontece magia. Falem comigo por mensagem privada no instagram que eu digo-vos quem é. Vão... adorar! Nem precisam de pedir o que querem. Ela olha para o vosso corpo e diagnostica as prioridades. Pode fazer drenagem, tonificação, relaxamento e conhece dezenas de técnicas não invasivas só com cremes e outros produtos naturais que mudam mesmo o vosso corpo a curto e médio prazo. O Miguel nota quando ela me drena ou me "levanta o rabo", ahah. Enviem-me mensagem no instagram por aqui @joanagama , vá.

Para já... chega? :)
Querem uma segunda parte com mais, pelo menos, 5 coisas que estou a fazer? :)

E o que planearam vocês para o novo ano?



12.16.2020

Ela quer proteger-me por sermos só duas.

Isto foi o que pensei. Estávamos as duas deitadas na cama - aquela altura em que só queremos que se calem para podermos ir ver Netflix à vontade durante aqueles 10 minutos até babarmos o sofá de forma pornográfica - e claro que começou a tagarelice. Acho que até foi ela. Ou, na volta, até fui eu. Talvez tenha querido puxar conversa sobre a questão dela sentir alguma necessidade de me proteger. 

Já tinha havido uma vez em que ela me disse "trazes sempre um casaco para mim, mas não para ti" e "as mães deviam também tomar conta delas próprias". E, com estas, fico parva (ainda mais). Perguntei-lhe porquê e ela respondeu-me: 

"Ó mãe, imagina: "Só cá estamos as duas cá em casa, não é? Imagina que te cortas tanto a fazer a comida que até desmaias com tanto sangue... Tenho de ser eu a cuidar de ti!". 




O meu coração parou. Ela, por um lado, tem razão. Já tive aí uma fase em que pensava muito nisso. E se me der um AVC? Um enfarte? Como faço para falar com alguém e dizer que a Irene está sozinha e que precisa de alguém ou... até eu? Fiz o que costumo fazer sempre que surgem esses pensamentos mais assustadores e entro em negação, claro. 

Não sabia bem o que lhe dizer quando ela me espetou com esta informação pela goela abaixo, sinceramente. Pensei que seria uma boa oportunidade para voltar a sublinhar a relação próxima e de amizade que tenho com o pai dela e que somos uma família, dizendo "temos sempre o papá que nos ajudará em tudo o que precisarmos, ele protege-nos e nós a ele" e, obviamente, não contente, aproveitei também para incluir o Miguel (namoramos há seis meses, eheh, obrigada, obrigada!) na conversa. "Sabes, a mãe e o Miguel também se estão a conhecer melhor para perceber se o Miguel poderá integrar a nossa família e ser mais uma pessoa que vive connosco e que passa a fazer parte de nós e que também cuidará de nós". 

Não obstante, senti que não a estaria a deixar segura de maneira alguma. Que deveria haver alguma coisa que pudesse fazer ou dizer que a fizesse dormir em paz ou sossegar-se em relação a este assunto, mas não consegui dizer mais nada. Expliquei que tenho 34 anos e que sou do caraças, que já vivi muita coisa e que os meus pais me ensinaram milhares de ferramentas para conseguir ultrapassar obstáculos e emergências, mas ficou a faltar qualquer coisa... 

Em desabafo, ontem, em consulta com a Eugénia Amaro (minha psicóloga e da Joana Paixão Brás) falei-lhe disto e ela deu-me uma óptima ideia: ensinar a Irene a ligar para o 112. Não deixa de ser uma possível necessidade e, na verdade, é capaz de a sossegar. Ontem lá lhe expliquei os números que fazem parte do 112 e o que aconteceria se ligasse (que poderiam vir médicos, bombeiros, polícia...) e que seriam sempre hiper rápidos - o que, por acaso, não é verdade na zona onde moro, infelizmente. 

Também é normal, disse a Eugénia, que as crianças sintam que têm de cuidar de nós se não for "em exagero", fazem parte da "família" e não deixam de ser "pessoas com empatia" e que se preocupam com a sua segurança. No entanto, com a "culpa" que sinto de ser só eu e ela diariamente, tenho algum receio que isso se reflicta na segurança que ela possa sentir. E não quero ser "preconceituosa" ou o quer que seja - as leitoras mais atentas, sabem que sou 0 no que toca a isto - mas não ter uma presença masculina (com a vibe masculina) presente diariamente no dia-a-dia dela também poderá fazer com que se sinta mais vulnerável, talvez. Ou, então, é só a minha cabeça. 

Seja como for, é bom falar-se, ainda que nos roube tempo de Netflix. E sim, agora que me lembro, fui eu a puxar a conversa e ainda bem. 

Já ensinaram os vossos a ligar para o 112? 



Já agora, como poderão saber, tenho uma "carreira" paralela à deste blog ;) Criei um patreon para quem quiser ter acesso a conteúdos exclusivos ou até, apenas, apoiar o meu trabalho. Sintam-se convidadas (e generosas, se fizer sentido para vocês) a visitá-lo aqui


11.16.2020

Descosi-me toda.

Ai, nem sei como me saiu a coragem para isto. Deve ter sido o ego de ter sido convidada para escrever um livro. Quando isso acontece, quase que não se olha a mais nada, pelo menos nesta fase da minha carreira. Estou a começar e, por isso, convites vindos de sítios que me impressionem são praticamente um sim imediato. 

A ideia, confesso, que já a tinha. Tenho mais umas quantas, mas para as quais ainda me faltam alguma confiança, visto que não me vejo como “escritora”. Admiro muito os escritores e, enfim, toda a literatura no geral. 

A minha ideia para este livro “Alguém que me cale - As entranhas de quem tem tanto medo que já nem se assusta” veio de um caminho que tenho vindo a percorrer: aceitar-me tal como sou, ainda que tenha algo a “perder” com isso. 

Comecei por trabalhar numa empresa em que, apesar de não haver um espartilhamento óbvio, havia um peso institucional gigante e que me limitava (e, por um lado, ainda bem) muito a nível criativo e humorístico. Encontrei no stand-up uma fuga rápida para isso. No palco, se ninguém filmasse (ainda bem que não era moda há uns 10 anos), tinha a liberdade que queria ter - toda a do Mundo - e sem correr o risco que no dia seguinte viesse a interpretar todos os “bons dias” dos meus colegas da empresa como um julgamento. 


Alguma vez poria uma fotografia minha a fumar no instagram? 
Jamais!


Depois de sair da empresa, comecei um projecto com a Rita Camarneiro, o “Banana-Papaia”. É um videocast onde nós as duas somos uma versão nossa empolada com o intuito de fazer humor. Dizemos o que pensamos e, muitas vezes, o que não pensamos para deixar clara uma visão satírica dos assuntos. Tive de fazer a escolha de saber que não estava a seguir o caminho que mais impressionaria os meus pais e que, provavelmente, me iria afastar de instituições e empresas como aquelas onde já trabalhei. 

Mas pensei: vou esperar que os meus pais morram para fazer o que me apetece? Vou continuar a espartilhar-me para ter trabalhos que não se ajustem 100% comigo? 

Decidi que não. 

E consciente de quase todas as consequências inerentes a essa decisão. Foi ponderado. Um pouco como “sair do armário”. Pensei que, quem me amar por aquilo que sou (que frase mais bimba, bem sei), irá conseguir ir além dos seus preconceitos e vaidade e continuará na minha vida. Não pensei na altura que pessoas não me quisessem vir a conhecer por causa disso o que dói. Porém, foi a escolha que fiz: viver o mais possível perto da minha verdade, ainda que eu própria seja um projecto em construção e, se calhar, um dia faça até um videocast sobre religião, não sei. 

Sei que vamos morrer. E que eu faço parte desse “todos”. Por isso, sendo a vida uma coisa finita, um dos maiores propósitos não será vivê-la na sua plenitude, desde que não prejudicando quem nos rodeia? E, por prejudicar, que não se entenda não lhes dar alguns desconfortos e dores de crescimento, mas sim deixá-los viver a sua liberdade de escolha se querem manter a relação e que isso - tal como quase tudo nesta vida - é algo dinâmico. 

E, por isso, decidi. Decidi ser o que sou e contar o que tenho sido num livro dividido em três secções: o início, o meio e o fim [da vida]. Em cada um deles, por meio de uma associação livre, escrevo o que o ser comum denominará como crónicas (embora não me identifique com a designação). E isso passa por contar a minha história, no que a mim me compete: o que senti e sinto, pensei e penso, mas com a noção de que tal será mutável. 


Luís Pereira / MAGG

Uma das minhas grandes ambições com as consultas de psicoterapia é re-interpretar cenas da minha infância/adolescência agora com uma maturidade superior para conseguir encaixá-las de uma maneira mais benéfica e construtiva. E, por isso, uma das coisas que gostava de fazer com este livro seria rescrevê-lo daqui a 10 anos e ver o que mudou. 

Pelo meio quis inspirar (por quem me tomo, meu Deus) mais pessoas a viverem a sua verdade sem vergonhas. Por muito que se sintam sozinhas (aquele “únicas”, mas como uma conotação negativa) ou malucas (aquele “únicas” adicionando o julgamento de terceiros). Acredito que somos todos feitos do mesmo e que, vistos ao pormenor, somos todos malucos ao ponto desse conceito nem fazer muito sentido. 

Escrevi “Alguém que me cale” porque a minha cabeça não pára. E também porque este percurso não é só feito de coragem. É, antes pelo contrário, feito só de medo. De tanto medo que até salto porque “que se lixe” estou pronta para sangrar de cima abaixo como sempre. 

Se ainda não tiverem lido, estejam à vontade ;) Está à venda nas livrarias habituais e também na internet




11.02.2020

Ela não gosta dos meus abraços.

Para as leitoras mais sensíveis, aquelas que ficam enervadas por eu ter a mania de escrutinar tudo e analisar tudo, fica já aqui o aviso que, para continuarem com o seu dia tranquilamente, podem dar ali um saltinho ao Facebook ou então pôr na SIC para verem qualquer coisa que entretenha e mais leve - a não ser que esteja na hora da crónica criminal (aquilo sim, stressa-me). 

A Irene não gosta dos meus abraços. E, no outro dia, ao falar disso com a minha psicóloga (podem conhecer o trabalho dela aqui), ela disse-me que "temos de trabalhar nisso". Pus-me a pensar (uau, que novidade), se o "não se querer abraços" não será algo que também possa ser um traço de personalidade. 

Por não se querer abraços, haverá algum problema? Vá, não é só comigo. Daí eu estar a por esta hipótese. Se fosse só comigo, já teria percebido que a nossa relação iria ser tão saudável como a do Afonso Henriques com a sua progenitora, mas não. 

Só se deixa ser abraçada quando vai dormir. Pede a minha mão para lhe cobrir a cintura e gosta de tocar com os pézinhos nas minhas pernas. Gosta... quer dizer, gosta agora no Inverno, porque no Verão não se inibia de dizer várias vezes que tinha de fazer a depilação. Chatice!

Mesmo quando era mais bebé, reparava que ela ficava mais nervosa ao meu colo e, que quando ia para o colo do pai, acalmava. Ainda assim, nunca foi muito disso. De todo. O colo servia só para dar mama (no meu caso) ou, no caso do pai, para algumas brincadeiras. 

Terei uma filha que não é muito dada ao toque?

Ou... será... que existem outras razões por detrás disto?


Foto: Diogo Ventura para a P3.


Além de ter voltado a fumar (6 anos depois de ter parado, quando engravidei) e ser um cheiro que lhe desagrada ("mãe, cheiras mal" - pelo menos espero que seja disso, do tabaco), ponho-me a pensar se não será também por eu viver com um grau grande de ansiedade normalmente. "Eles sentem tudo". Quando estou mais calma, noto realmente - ou tenho capacidade para notar - que ela me toca mais e que está mais receptiva.

Por outro lado, será que ela herdou e ou adquiriu essa ansiedade? Até recentemente também rejeitava o toque quando estava ansiosa. Encarava como uma invasão do meu espaço pessoal e, por estar nervosa, não sabia reciprocar (nem me apetecia) e toda a situação era muito constrangedora para mim.

Querem ver até onde mais vai a minha cabeça? No outro dia desenhou bonecos sem braços e há uns anos (quando eu também desenhei, sem pensar nisso) uma amiga disse que seria sintomático de ter tido pouco afecto. Pelo menos físico. 

A questão é: temos todos de gostar? Será sempre sintomático? Não pode ser só mais timidez? 

A minha cabeça responde com: "epá, 'tá bem... mas da mãe?".

Como são os vossos com os mimos? Vou tentar ficar contente por vocês caso tenham miúdos que não vos larguem a pedir festinhas. 




11.01.2020

E actividades extra-curriculares em tempo de pandemia?

Há de certeza unicórnios por aí. E não só naquela loja que me faz querer drunfar a Irene sempre que passamos por ela (na verdade há umas vinte, mas posso estar a calar da Claire's ou da Note neste momento). Há de certeza famílias que escolheram actividades extra-curriculares fantásticas e que os miúdos adoram e que nem dormem de entusiasmo sabendo que no dia a seguir há Karaté ou Olaria. Não é o caso da Irene. 

Quando era pequenina, teve aulas de música e expressão corporal. Depois, quando o pai dela e eu nos divorciámos, não quis impôr que aos sábados também ele tivesse de fazer alguns kms para ter aquelas aulas pelo que ficaram em banho maria ou águas de bacalhau ou lá como for a expressão. Depois experimentámos aulas de bateria que, no início, tinha um interesse imenso e, depois, com o tempo lá foi ficando cansada das repetições. 


A Isabelinha e a Irene numa dessas aulas de música <3


Pelo meio houve duas ou três tentativas de aulas de natação mas, para dizer a verdade, não tivemos muita sorte com os professores e professoras (não eram muito pacientes com crianças e é isso que procuro em professores já que não ambiciono que a miúda comece a competir).

Cansei. Teve também aulas de ginástica que... tinham um espectáculo que queriam apresentar aos pais no final do ano e, então, privilegiaram os ensaios para o mesmo em vez de empolgarem os miúdos com actividades divertidas... Ah! E a última que estava a correr muitíssimo bem, também música e expressão corporal, foi pelo cano abaixo agora com a Covid. 

Agora que me apaixonei por uma nova modalidade (não revirem os olhos que já deve ter havido muita gente a falar-vos disto), quis ver se a Irene também se interessaria por ela. E...guess what? Está a correr muito bem!


Aconteceu mesmo irmos com as meias iguais e... sem combinarmos!! Juro! Ainda não moramos juntos porque "não há metro ao pé da minha casa e não sei quê" (desculpas).


O Fernando Alvim organiza de vez em quando umas coisas fora de série como, por exemplo, o Padel para Nabos. O Miguel (o rapaz por quem estou apaixonada - é o mesmo de há uns meses, tem-se portado bem) e eu aceitámos o convite e, desde aí, estamos viciados. 

Começámos a ter aulas com um casal amigo nosso e acertámos à primeira no professor: Francisco Dias (vale a pena abrirem o instagram, não somente por ser um bom professor... não me posso esticar muito mais que isto). 


O rapaz aqui estava a levar com sol na cara, mas prometo que não lhe falta o olho direito. Até porque não teria sido tão bom jogador de ténis antes, digo. Quer dizer, o ser humano surpreende...


Além de ter uma paciência enorme para nós (adultos) que temos treinado semanalmente com ele no W Padel Country Club (fica no meio de Monsanto, nem vos consigo explicar o quanto não quero voltar para dentro de pavilhões e ginásios para fazer desporto e não só por causa da pandemia), ele é também o coordenador do ensino de Padel para os miúdos (deve haver uma maneira mais literada de dizer isto, mas não sou da área, borrifei!). 

Também há campos cobertos, não se ponham com coisas das constipações e tal e pandemias ali não há que o ar está mais ventilado que a minha cabeça quando surgiu a puberdade. E... se não forem daqueles pais que ficam em cima dos miúdos a observar a aula toda (eu), têm ali um bar... maravilhoso para arejar as ideias.


Espetei a Irene nas aulas da idade dela, comprei-lhe uma raquete ali naquela loja que tem "Tudo para o Desporto" (wink, wink) e nem imaginam a diferença que tem feito a vários níveis na nossa vida. Primeiro, obriga-nos a quebrar a rotina do final de tarde e fazer algo que a diverte, que a entretém e que ainda socializa com outros miúdos fora da escola. Depois porque através de várias brincadeiras (o Francisco é hiper criativo) os miúdos estão muito longe de treinar apenas Padel. Treinam motricidade, sim, mas treinam muitas outras skills sociais também. Saber lidar com o serem capazes ou não serem capazes, descobrirem a sua não/muita competitividade e também - no caso da Irene, muiiiito útil - respeitarem mais uma autoridade fora da família que lhes dá orientações. 

Sai exausta, sai calminha, sai pronta para jantar (deixo o jantar pronto antes de sair de casa), por isso é banho, comida e dormir. 

Quero tanto que ela aprenda a jogar... um dia será minha dupla no Padel - o Miguel terá de lidar com os ciúmes. 

Já experimentam Padel? Que actividades fazem os vossos miúdos agora durante a pandemia? 


10.18.2020

Deixem-se enganar.

Porque a roupa é isso. Além de ser algo que nos permite andar por aí à vontade, sem frio e, em princípio nos deixa confortáveis para nos sentarmos em qualquer lado, a roupa é mais do que isso. 

É um embrulho, é uma identidade. É uma espécie de massa de açúcar que se põe por cima de um bolo simples já que nos permite sonhar. 

Quando compramos uma peça de roupa para nós ou para eles (partindo do princípio que não estamos numa fase de compras sucessivas para disfarçarmos outras coisas, ahah), imaginamo-la no cenário ideal, com um sorriso, às vezes com um lanche entre amigos, o que for. 

Uma roupa nunca vem só. Vem com a vontade que temos de os abraçar, que possam trepar às árvores, que gostem de si e que aproveitem os dias conosco à sua volta. Podem sentir que estou a exagerar – e estou um bocadinho, mas já senti isto tantas vezes... 

A Joana Paixão Brás, como já vos disse, tem um dom gigante também para a fotografia. Tirou imensas fotografias às miúdas com a coleção Outono/Inverno da Mayoral e olhem para esta delícia!  























Obviamente que sugeri logo um encontro entre as cinco com aquele magnífico pretexto de “tenho saudades” para ver se também pingavam umas fotografias para este lado ;) Não só da Irene, mas deste grupo que vai dar ainda tanto que falar porque vão continuar a crescer juntas. Nas fotografias seguintes, quando fomos passear em conjunto, quiseram ir todas vestidas a combinar. A Luísa estava histérica por ir igual à Irene. Tudo da coleção Mayoral Outono Inverno deste ano. Até os collants com brilhantes que quase tiraram o sono à Irene de entusiasmo ;)




















Deixem-se enganar, vá: não estavam birrentas de quando em vez, não queriam comer uma data de croquetes na esplanada. A Isabel não estava louca para trocar de sapatos com a Irene e... também não aconteceu o do costume: a Irene querer saltar logo para cima da Isabel para brincar e a Isabel ser mais comedida. A Irene ficar obcecada se a Isabel ainda gosta dela e, no meio disto tudo, a Luísa ficar aborrecida porque nenhuma das duas lhe dá atenção. Nada disso aconteceu. ;) 

... mas e então? Estas fotografias, com estas roupas e, acima de tudo, com estas miúdas, não vos deram vontade de sonhar? 

Elas são maravilhosas. E, com este “embrulho” da Mayoral, ainda mais ;) Gostaram?





7.07.2020

Foi a nossa primeira noite a sós fora de casa.

Hoje até usei o desodorizante dele porque sabia que ia ficar a morrer de saudades. Sabem o quanto o cheiro nos faz sentir em casa, não sabem? Quando gostamos, quando estamos apaixonadas, o cheiro da outra pessoa funciona melhor que a melhor vela da Rituals (são caras, pá!). Faz-nos sentir abraçadas. 

Foi a nossa primeira noite a sós fora de casa. O nosso primeiro mês de namoro. Foi precisamente há um mês que ele me pediu em namoro. Embora talvez hoje em dia já não pareça ser habitual, para mim, pedir em namoro é importante. É uma escolha, é o princípio oficial de um compromisso que vai além da química e das emoções. Assinala-se o respeito e a vontade de trabalhar em conjunto, de crescer individualmente, mas em dupla. Aceitei aos pulinhos, abraçada a ele - cheirando o desodorizante (não se preocupem que não é um post a vender um desodorizante) - e a tentar acalmar a cabeça, também ela aos pulos e cheia de pressa para viver tudo o resto. Sei que estou a viver um grande amor. 



Chegámos ao Dream Guincho e fomos só nós. No fim-de-semana imediatamente anterior tínhamos estado em família com a Joana Paixão Brás e com o David na Nazaré e, por isso, soube ainda melhor viver o silêncio, ainda que recheado da química que temos entre nós. É visível, é palpável e, se querem que vos diga, um simples toque mexe comigo. 

A menos de 30 minutos das nossas casas, senti que deixei para trás as preocupações. Deixei para trás o stress e também o peso de ser mãe. Ser mãe está cada vez mais entranhado em mim, no entanto, já não me sinto culpada por adorar não estar com ela, ainda para mais agora. Todos os momentos em que não estou com a minha filha servem para me dar alento e ainda mais amor para a encher de colo e beijinhos (como se ela me deixasse). 

Lá chegámos. Fomos recebidos pelo caseiro Sr. João. Ele é de Trás-os-Montes e confesso que nos fez sentir em casa. Toda a decoração é maravilhosa. Muitos livros espalhados por todo o lado, o que acredito que tenha aumentado o FOMO tanto a mim como ao Miguel, mas com a sensação de casa de férias com personalidade. Gosto muito de minimalismo, do estilo nórdico, mas nada se compara a um sítio que seja decorado de dentro para fora e não para parecer um catálogo. O Sr. João faz um bolo maravilhoso que nos ofereceu assim que chegámos, juntamente com um chá vindo de Macau. Tomámo-lo junto à piscina que tem uma vista fantástica sobre o mar enquanto, discretamente, rezava para que o Miguel não comesse as duas fatias dele. Mas comeu. Ofereceu. Eu disse que não uma vez (vá, tinha que ser), mas lá embuchou o bolo do Sr. João como gente crescida. 


Antes disso tínhamos estado estendidos nas espreguiçadeiras que estavam à nossa espera e bebemos uma limonada. Queríamos ler, queríamos continuar a conversar ou a inventar os jogos parvos que nos tinham surgido na praia, mas aquela vista impediu-nos disso. Fomos obrigados a sermos felizes e extremamente gratos não só por nos termos um ao outro, mas também por vivermos aqui, em Portugal. A praia do Muchaxo atingiu-me como um pontapé na boca quando cheguei. Caramba! Como é que passei anos a escolher praias por serem as mais perto de casa quando existe este paraíso apenas uns minutos mais longe daqui? Faz diferença. É a diferença entre comprar 10kgs de roupa na Primark ou uma peça de roupa incrível que vamos estimar e que nos assenta perfeitamente. 



Todos os oito quartos têm o nome de uma obra importante. Ficámos no da Menina do Mar de Sophia. Gosto muito de dormir fora de casa. Confesso que me adapto bem a sítios baratos e que me adapto ainda melhor a sítios bons (ahah). Contudo, quando estou num sítio bom, ligo o botão da esquisitice e fico mais atenta aos pormenores. Torno-me implicativa e perfeccionista e anseio por apontar defeitos a tudo e mais alguma coisa. Entre os beijos que fomos dando e os abraços, consegui reparar que as toalhas eram as toalhas que gostaria de ter em casa, que o duche pede para que se tomem banhos a dois e sem olhar tanto ao desperdício de água, que os roupões são tão confortáveis quanto dormir com os nossos pés a tocar nos dele... Iluminação perfeita, materiais naturais, mobílias que contam uma história e não a de faltar um parafuso para que se aguentem montadas mais de uma semana. Mais livros. Muitos livros. E tanto, mas tanto Miguel. 



Ficámos divididos entre ficar na piscina ou aproveitarmos a varanda do nosso quarto. Deslizámos para dentro dos roupões e ainda li um bocadinho da "Câmpanula de Vidro" que uma amiga (da qual tenho saudades, mas a vida têm destas coisas) me tinha recomendado. Tinha dito para ler quando estivesse bem. Três anos depois ou quatro, tal como prometido, comecei a lê-lo. E estava tão bem. O sol a pôr-se lá ao fundo a estender-se no mar, o céu a ficar com aquelas cores quentes como se fosse pintado a pastel e, ao meu lado, ele. Ele que me tem feito sonhar e que me tem feito viver o presente como se fosse um sonho. 



Fomos jantar. Vestiu uma camisa branca que contrastou com o bronze que tem de ser uma pessoa maravilhosa cheia de amigos e planos. Às vezes derreto, noutras tenho um ataque cardíaco e muito raramente acredito que isto me esteja a acontecer. Estou a ter o privilégio de conhecer, de criar e de viver a vida com alguém que é tão apaixonante por dentro como por fora. Olhar para ele e saber ouvir mesmo o que ele não diz, dizer tudo (até demais) o que não consigo evitar é uma dança que me faz circular o sangue, sem ser preciso abocanhar Daflons que nem uma doida. 

Jantámos em Cascais. Comemos tão bem. Parecíamos estar a festejar um ano de namoro, que espero festejar com o mesmo entusiasmo. Porém, o que sinto que festejámos foi o termo-nos encontrado e termos decidido deixar-nos entrar. Ainda que ambos tenhamos a nossa bagagem, arranjámos espaço. E, melhor, não a deitámos fora. Temo-la connosco. Honramo-la, não nos esquecemos dela e tornamo-la útil para amarmos melhor. 

Voltámos ao Dream Guincho. Pusémos o código na porta. Tudo silencioso. Sentímos que a casa era nossa, só para nós. Assim como aquela lua cheia a reflectir na piscina. O som dos aspersores da relva e, com atenção, lá ao longe, ainda conseguíamos ouvir as ondas. Subimos até ao Menina do Mar e instalamo-nos na varanda a ouvir música baixinho.  Fechei os olhos e encostei a cabeça para trás, isto com as pernas esticadas em cima de uma mesinha, a brilharem com a luz da lua e com o roupão um pouco acima dos joelhos. Não sei quanto tempo estive de olhos fechados, talvez duas músicas. Abri-os com saudades de o ver. Ele olhava para mim. Sorrimos com os olhos. E soubémos, mais uma vez, que é precisamente o nosso timing. Fez tudo sentido até aqui. Tudo de bom, tudo o que aprendemos e tudo o que somos faz com que encaixemos assim. 



Tínhamos os cortinados abertos da janela gigante do quarto. Entrava aquele ar puro pelo Meina do Mar adentro. Dormímos com aquele momento parado no tempo nas nossas cabeças, sabendo que iríamos acordar ali naquele local que parece um cenário perfeito para o que nos tem atravessado. 

Descemos e tomámos o pequeno almoço preparado pelo Sr. João e pela Dona Zulmira (tem uns olhos encantadores).  A loiça tem personalidade também. Ao mesmo tempo que nos sentimos em casa, também nos sentimos parte de uma casa que recebe só os amigos mais próximos. A monotonia, a simetria e mais outros conceitos matematicamente agradáveis são postos de parte, optando pelo carinho e pela história. Bebemos chá e comemos iogurte grego com pedacinhos de ananás. Ainda fomos às torradas com manteiga e queijo, pedímos uns ovos com salsa e estávamos prontos para mais um dia na piscina. Mas e aquele quarto? E aquela varanda? E aqueles robes? Optámos por ir para a varanda e fazer uma das coisas que sabemos fazer melhor. Calma. Mesmo que o tivesse feito não vos diria. ;) Fomos gravar uns vídeos para o meu instagram a contar os jogos imbecis que tínhamos inventado na praia no dia anterior. Nunca tive um namorado ou namorada que fosse tão pateta quanto eu e que não se importasse de aparecer. Acreditem quando digo que vou tirar o melhor partido possível disto, ainda que ele possa acabar comigo para a semana que vem. 



Conseguímos ir à piscina, antes que fosse buscar a Irene. Bricámos aos desfiles (aconteceu, sim) e aos mergulhos da malta que arregaça os calções até às virilhas. Talvez um dia o Miguel publique no instagram dele. Despedimo-nos do Sr. João e da Dona Zulmira e ficámos com vontade de celebrar ali todos os nossos meses ou, até, numa outra vida, todos os nossos dias. 

Esqueci-me de vos dizer que conhecemos a criadora do Dream Guincho e que foi exactamente o que esperava depois de conhecer o espaço que preparou com tanto carinho. Uma mulher com visão e, acima de tudo, quem quer proporcionar paz a quem a procure e respeite. É disto que se trata ali: calma, paz e sentir que a vida é o que quisermos fazer dela.

Agora que já cá estou em casa, depois da Irene ter entornado - sem querer - o prato da sopa no chão, sinto que foi tudo um sonho. O que vale é que tenho estas fotografias para voltar sempre que quiser. 

Tenho uma sorte enorme de ter espaço em mim para todas as eus que existem, sendo que todas elas amam amar e que o aprenderam com a Irene, mon cœur.

Podem seguir: 

Instagram do Dream Guincho aqui.



6.16.2020

Não sei nem ser mãe nem não ser.

Olá amiguinhas! Essa semana? Está a ser boa? Um abracinho forte para as que têm os miúdos na escola e até poderão estar aliviadas por um lado mas, por outro, estão a viver emoções fortes no que toca a esta roleta russa da pandemia. Um abracinho também muito forte (mas psicológico) às mães que continuam em casa com os miúdos. Jesus! Força, muita força!

Não sei se vos acontece o mesmo, mas depois de ter posto a Irene na escola (onde estão com todas as medidas de segurança e coiso e tal) desenvolvi pânico ao fim-de-semana. Quando o vejo a aproximar-se, começa a cheirar-me a confinamento e fico nervosa como se recuasse umas semanas e não soubesse quando poderia voltar a sair de casa. 

É difícil termos a noção de que algo é traumático quando estamos a vivê-lo, mas não foi/é o caso do "confinamento". Foi agressivo e ainda é para muita gente. Ainda estou a sofrer com as represálias, apesar de ter sido útil para evidenciar mais coisas que tenha para resolver em mim. Digo resolver, mas aqui o bicho sabe também que é uma mulher inacreditável (e com potencial para um dia vir a ser tesuda) e que, portanto, também poderá passar por aceitar coisas e não só mudá-las. 

Estou agora a tentar aceitar que não tenho conseguido sentir-me 100% confortável em nenhuma situação: quando estou com a Irene, parece que preciso de mais tempo para mim e, quando tenho tempo para mim, sinto que devia estar mais tempo com a Irene. 

Tomem esta selfie desavergonhada que era para enviar para o rapaz com quem namoro, 
mas que não achei fixe o suficiente. Sim, ficaram com os restos da minha sensualidade ao natural. 


É aquele jogo de culpa manhoso que se acentua em muitas de nós depois de parirmos este ser vivo (por nossa causa e, em princípio também por causa de outro indivíduo), mas que seria de esperar que passados 6 anos já estivesse mais amanhado. Não está. 

Principalmente sendo divorciada e tendo a oportunidade de quando em vez colocá-la em casa do seu outro progenitor, a diferença abissal entre ter e não ter filha é algo que me perturba. Sinto-o como um alívio, por poder respirar ou até cagar em paz (pardon my french) porém, por outro lado, quando acaba esse tempo, parece que preciso de passar por um novo parto para me aperceber da minha não nova (apesar de parecer) realidade. 

"Só estou bem onde não estou" é um facto e também é um facto ter sido abençoada com uma criança que partilha muitas das qualidades de sua mãe e, por isso, ser fenomenal. No entanto, seria engraçado ganhar aqui uma skill qualquer que me permitisse ser mais robot e ligar o interruptor da maternidade facilmente (o desligar nem é muito complicado). 

Oiço mães (tenho feito algumas amigas, uau, parece que há quem até simpatize com este ser) que chegam a conclusões mais fáceis que são: "eu preciso mesmo de tempo para mim, não há nada a fazer!". Começo a pensar que talvez seja uma dessas pessoas, mas e então? O jantar não se faz sozinho, o canal de youtube da Irene também não se faz sozinho (estou a ser seriamente violentada para o criar) e aqui a Xena tem de ser pau para toda a obra, ainda que não haja nada com esse aspecto fálico (para já) cá em casa. 

A menina está cansada, grata, mas também ainda à procura do equilíbrio. Creio que o atingirei quando morrer, já que é aí que a linha vital se transforma aborrecidamente horizontal. 

Mais alguém nesta bipolaridade? Espero que sim por um lado. Por outro, sendo honesta, também. 



6.12.2020

9 coisas que faço antes de lhe bater.

Tem sido uma aventura gigante. Ainda passaram e passaram 6 anos. Tenho perfeitamente a noção que todas vocês compreendem esta noção esquisita do tempo desde que passámos a ser mães. Passa tudo rapidamente devagar e o contrário também - não me apeteceu pensar. 

Senti, tal como já vos contei, que o meu primeiro instinto era levantar a mão à minha filha. Ainda tinha ela meses. Estava(mos) cansada(s), frustrada(s), assustada(s) e não tinha nenhuma outra ferramenta em mim que me ajudasse a sentir mais segura ou que me permitisse acreditar que as coisas, um dia, iriam melhorar. 



Com o passar do tempo, tenho vindo a desenvolver algumas técnicas que resultam cá em casa e connosco. Antes de lhe bater, faço o seguinte: 

1) Vou avaliando ao longo do dia - por mim, por ser algo que me ajuda - como me vou sentido fisica e psicologicamente. Vou contextualizando esses sentimentos no período em que estou a viver, por exemplo: perdi um trabalho que me iria dar algum dinheiro recentemente, tenho reparado que ando mais irritadiça e ansiosa. 

2) Quando tomo decisões que possam retirar conforto à minha sanidade mental, tomo-as de forma consciente. Isto é: se andar numa semana em que descuido a minha higiene de sono, sei que vai ser mais complicado para mim estar disponível para a Irene e que os dias serão mais difíceis no geral, percebendo que a paciência não se compra, constrói-se. 

3) Quando tomo decisões a favor de outros elementos que não o sono ou a energia da Irene (irmos almoçar fora e alongar os planos para a tarde, privando-a de fazer sesta, fazer "dias de festa" vários dias seguidos, deitá-la mais tarde para quebrar a rotina), sei conscientemente que poderei ter que ser mais empática e tolerante nos dias seguintes por saber que isso lhe afecta a estabilidade emocional e fisiológica. 

4) Estou a par da importância da qualidade da alimentação na vida dela. Caso tenha andado a descuidar recentemente a alimentação da Irene, caso ande a comer mais doces, por exemplo, é natural que a irritabilidade suba (é um vício), além de que os níveis pontuais de energia em demasia. Não posso culpá-la por a mãe lhe ter comprado e dar doces. Há que ser tolerante nestas alturas. 

5) Olho para a vida da Irene no geral e observo se haverá coisas com as quais ela esteja a lidar que possam ser difíceis para ela. Fiz isso quando nos separámos, quando começou a escola, quando tem uma colega que lhe tem azucrinado a cabeça, quando tem aftas, ...

6) Caso ela esteja há demasiado tempo a ver televisão ou iPad, tenho de perceber que aquilo mexe (até connosco) com o funcionamento da nossa cabeça e que aumenta a nossa irritabilidade. Pelo que, pedir sensatez ao final do dia e depois de um kilo de iPad na cabeça não será algo fácil, muito menos para uma criança. 

7) Se sou eu quem está irritada e, por isso, a Irene está a espelhar o meu comportamento. Ainda que me seja difícil, ausento-me do sítio onde ela está dizendo-lhe que preciso de ir respirar. E vou. Sem telemóvel. Vou mesmo tentar estabilizar a minha respiração. Quando volto, respondo às perguntas que ela tenha ou tento explicar de forma sucinta o que é que me fez ficar zangada. 

8) Se for a Irene quem estiver a agir de forma incompreensível (há motivos, poderei é não saber quais), tento validar o que ela está a sentir. Pergunto-lhe de que forma posso ser útil e, mediante o assunto, ajo ou dou uma oportunidade para que ela se auto-regule e me procure para conversar. Ultimamente ela tem-se retirado do sítio onde estamos e vai respirar para o quarto dela, por exemplo. 

9) E porque os problemas não devem ser sempre lidados em cima do momento, tenho feito terapia sempre que posso para que consiga estar no meu melhor em tudo aquilo que faça, especialmente ser mãe. 


Tenho tido muita sorte. Todos estes passos têm feito com que, ainda que nos zanguemos, nunca seja necessário chegar ao ponto de haver violência física. O que fazem vocês? 




Voltámos também aos podcasts, garotas!
Falámos, como não poderia deixar de ser, disto do isolamento e das coisas más e boas inerentes ao processo. Sentiram-se como nós? Foi pior ainda? Foi melhor? Queremos saber :)

O nosso podcast está disponível nas plataformas habituais: SoundCloud, Anchor, Apple Podcasts, Spotify, etc. Procurem por: "a Mãe é que sabe" que irão lá dar. 









6.09.2020

Como consegui que a Irene me contasse o seu dia.

Sempre que agora vou buscar a Irene à escola e muito por causa dos diários de gratidão de que vos falei há uns tempos neste post, ela faz uma avaliação do dia. Tem gostado, tem dito que faz "um like" ao dia. Também há dias em que não gosta tanto, mas acabamos por conversar o que terá corrido mal e dá-me sempre alguma liberdade criativa para reenquadrar mas, acima de tudo, para que ela se sinta ouvida. 

Conseguem pô-los a falar dos seus dias? Li num livro (e noutros sitios) chamado Como falar para as crianças ouvirem e como ouvir para as crianças falarem que as perguntas abertas não funcionam muito bem. Às vezes nem connosco, não é? De alguma maneira, consegui que ela falasse espontaneamente comigo. E sinto que é uma vitória. 



Uma das coisas que sinto que fiz bem foi também começar a falar com ela sobre o meu dia. Não criar um "inquérito" sempre que a fosse buscar à escola, mas iniciar uma conversa: "hoje, a mãe, teve um dia cheio de coisas: uma reunião disto, uma daquilo... sentiu que isto". 

Naturalmente começou a falar-me do seu dia e que bom, que bom conseguir saber mais sobre ela, sobre o dia dela. 

Conseguem que os vossos falem dos seus? Como o fazem?